Uso de emulsificantes em dietas de suínos
As atuais linhagens de suínos apresentam acelerado crescimento e consequentemente alta exigência energética, tornando necessário o uso de matérias primas com alta densidade energética e que sejam economicamente viáveis, já que são importantes componentes do custo das rações. Os óleos e gorduras, por possuírem alta densidade energética, são comumente utilizados na formulação das dietas dos suínos em inclusões de até 5%, e além de serem ingredientes adensados energeticamente, são fontes de ácidos graxos essenciais, reduzem o incremento calórico e melhoram a palatabilidade da dieta (quando utilizadas matérias primas de qualidade).
Para grande preocupação do setor suinícola, nos últimos meses no Brasil observamos grande alta nos preços de alimentos energéticos utilizados para suínos, como milho e óleo de soja, trazendo o desafio de busca de soluções para redução de custos das dietas, sem prejuízos ao desempenho dos animais. Dessa maneira, ferramentas que permitam melhorar a digestibilidade de ingredientes energéticos utilizados nas formulações são de grande interesse econômico. Nesse sentido o uso de aditivos emulsificantes é uma ferramenta nutricional que visa melhoria da eficiência energética de óleos e gorduras, com potencial para redução do custo das dietas.
Para entendermos o conceito de emulsificantes, precisamos ter em mente que para que os lipídeos da dieta possam ser digeridos e absorvidos pelo trato gastrointestinal dos animais, precisam ser previamente emulsificados, já que são moléculas insolúveis em água (2). Os sais biliares da bile têm ação detergente - reduzem os glóbulos de gordura, “cercando-os” com o lado hidrofóbico, tornando as partículas de gordura menores (formando as micelas), facilitando assim o ataque enzimático e sua digestão (1). Porém, essa emulsificação natural do organismo é limitada, principalmente em animais jovens - que secretam menos bile. Além da limitação fisiológica, algumas características das gorduras e óleos e a quantidade utilizada podem interferir na sua digestibilidade (ácidos graxos saturados – de origem animal – são menos digestíveis que insaturados – de origem vegetal).
Os aditivos emulsificantes são moléculas ampifílicas (possuem porção hidrofílica – solúvel em água, e porção lipofílica – insolúvel em água), e vão agir como detergentes dos lipídeos da dieta (3). Para classificarmos um emulsificante de acordo com sua especificidade, existe o conceito de Balanço Hidrofílico-Lipofílico (BHL), que varia de 0 a 20, e quanto mais alto o balanço mais eficiente o emulsificante no ambiente aquoso intestinal (4). Os emulsificantes existentes no mercado podem ser classificados como tecnológicos (melhoram aparência, resistência e textura de alimentos) e nutricionais, sendo que os nutricionais têm como objetivo melhorar a digestibilidade de óleos e gorduras. Os emulsificantes nutricionais possuem alto HLB (>16) e são altamente solúveis em água, permitem uso em dosagens mais baixas e têm efeitos em gorduras e óleos (saturados ou insaturados). O efeito positivo de emulsificantes nutricionais pode ser observado para qualquer tipo de óleo e gordura, porém é mais pronunciado quando utilizados óleos e gorduras menos digestíveis.
Emulsificantes podem ser naturais ou sintéticos, e como exemplo utilizados na indústria temos: lecitina de soja; lecitina e lisolecitina ou lisofosfatilcolina modificada; gliceril polietilenoglicol ricinoleato - derivado do óleo de rícino da mamona (5; 6). A lecitina é uma excelente fonte de fosfatidilcolina, um fosfolipídeo surfactante (biosurfactante), que auxilia formação das micelas. O gliceril polietilenoglicol ricinoleato é predominante de natureza hidrofílica, e dissolve melhor na fase aquosa do intestino delgado por agitação mecânica no intestino (3).
A Núttria possui em seu portfólio o NÚTTRIALISE, emulsificante indicado para todas as espécies animais, que combina diferentes moléculas emulsificantes, resultando em um produto com ação eficaz no ambiente intestinal dos suínos. Seu uso é interessante também para produtores que peletizam as rações, em que a inclusão de óleos e gorduras é limitada (até 2%) para mantença da qualidade do pélete. Nos tempos atuais de alta nos preços dos alimentos energéticos, os aditivos emulsificantes se destacam como uma das ferramentas que podem ser utilizadas visando melhoria da eficiência energética das dietas, trazendo melhor viabilidade econômica e sustentabilidade na produção.
Para mais informações a Núttria está à disposição, entre em contato pelo e-mail: tecnico@nuttria.com.
Referências Bibliográficas
(1) FREEMAN, C. P. The digestion, absorption and transport of fats – non ruminants. In: WISEMAN, J. (Ed.). Fats in animal nutrition. London: Butterwords, p. 105-122., 1984. (2) OVERLAND, M.; TOKACH, M. D.; CORNELIUS, S. G.; PETTIGREW, J. E.; RUST,J. W. Lecithin in Swine Diets: II Growing-Finishing Pigs. Journal of Animal Science, v.71, p.1194-1197, 1993. (3) ROVERS, M. Saving energy and feed costs with nutritional emulsifier. International Poultry Production, v.22, p.7–8, 2014. (4) ROY, A.; HALDARS, S.; GOSH, T.K. Nutricional emulsifiers: An innovative approach to enhance productivity. Asian Poultry Magazine, p.36-39, 2008. (5) ROY, A., HALDAR, S., MONDAL, S., GHOSH, T.K. Effects of supplemental exogenous emulsifier on performance, nutriente metabolism, and serum lipid profile in broiler chickens. Journal of Veterinary Medicine International, v. 2010, p.1-9, 2010. (6) ZHANG, B. K. et al. Effect of fat type and lysophosphatidylcholine addition to broiler diets on performance, apparent digestibility of fatty acids, and apparent metabolizable energy content. Animal Feed Science and Technology, v. 163, p. 177-184, 2011.
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